"Nós, com a dança, vivemos, vibramos e tentamos transmitir ao máximo a nossa paixão em cada actuação, procurando trazer sempre algo novo e diferente."
01. Como é que se conheceram e qual foi o vosso primeiro contacto com a dança?
Conhecemo-nos num grupo de Funky Jazz, em Portimão, que ambas frequentámos desde muito cedo; com 7 anos de idade no caso da Carolina e com 9 no caso da Mariana. Mais tarde, a Carolina começou a frequentar um curso de instrutores de Hip-Hop, tendo sido convidada para formar um grupo de Hip-Hop juntamente com o instrutor do curso (Rodrigo Santos). A Mariana viria também a frequentar o mesmo curso e, num workshop de Breakdance organizado por Rodrigo Santos, surgiu o convite para que se juntar ao grupo.
02. O que é que a dança acrescentou à vossa vida?
Acrescentou aquele pedaço que faltava, que faz a diferença entre o sobreviver e o viver. Nós, com a dança, vivemos, vibramos e tentamos transmitir ao máximo a nossa paixão em cada actuação, procurando trazer sempre algo novo e diferente.
03. Qual é o vosso estilo de eleição?
R&B, numa vertente mais moderna (é um estilo de música e também se dá este nome à coreografia dançada ao som desta música) e Locking numa vertente mais "old school" (um estilo conhecido pelas músicas alegres e movimentos amplos e rápidos).
04. Mas a dança Hip-Hop não é o Breakdance?
Ao contrário do que se pensa, Hip-Hop não é só Breakdance. O mundo das "acrobacias" no Hip-Hop e o chamado "foot-work", é apenas mais uma vertente deste estilo de dança. Foi o primeiro estilo, que começou a surgir nas ruas de Nova Iorque. Depois disso, o Hip-Hop tem evoluído, tendo surgido vários estilos dentro desta cultura como é o caso dos que referimos na pergunta anterior.
05. Normalmente seleccionam temas oriundos de outros países que não Portugal. As batidas do nosso Hip-Hop não acompanham o que lá fora se faz?
A vontade de utilizar o que é Português é muita, até porque concordamos que devemos dar valor ao que se faz "cá dentro". No entanto, achamos que a nível de músicas de Hip-Hop que possam ser utilizadas na dança, ainda estamos muito verdes. Faz-se RAP, mas nesta área é diferente porque o ritmo não satisfaz as nossas ideias enquanto coreografia. Então o que tentamos fazer nesse caso é dar vida ao texto em forma de movimento, coreografando mais na letra e menos no beat, o que também nos agrada! A nossa participação em concertos Kimahera, mais propriamente com o Reflect, tem sido uma experiência muito enriquecedora a nível de Hip-Hop português. É algo que nunca tinhamos feito, mas que estamos a adorar.
Outra razão pela escolha de temas de outros países é porque estes se tornam mais comerciais e divulgados, enriquecendo as nossas actuações porque o público vibra mais se conhecer as músicas e acaba por, de certa forma, entender melhor o nosso trabalho, uma vez que fica mais atento.
06. De onde vem a vossa inspiração? O que vos passa pela cabeça enquanto criam uma coreografia?
A inspiração vem de alguns bailarinos que consideramos muito bons e com os quais até já tivemos oportunidade de fazer aulas e outros tipos de formação. São esses exemplos que nos motivam a voar mais alto...
Quando criamos uma coreografia, a ideia é pensar em movimentos do nosso dia-a-dia, em imagens que captamos. Ser criativo ajuda neste campo. A nossa imaginação não pode estagnar e satisfazer-se com o primeiro movimento, tem de ir mais além e procurar a cada viagem do nosso pensamento um movimento mais complexo e atrevido. Quantas mais vivências e experiências tivermos na nossa vida, mesmo fora do mundo da dança, mais imaginação temos e mais frutos podemos dar à arte de criar movimentos.
07. A vossa melhor actuação foi...
Não gostamos de definir uma de entre as que já fizemos como sendo a melhor. Temos a consciência que quanto mais fazemos, melhor estamos. Na nossa cabeça, a melhor actuação é sempre a próxima.
08. O que têm feito em prol da vossa evolução enquanto artistas?
Aceitar o maior numero de propostas nesta área é muito importante. Só não fazemos o que não podemos e quando não podemos, custa-nos imenso. Para além da dança, a nossa vida passa por muitas outras responsabilidades, como é normal. Quando não podemos aceitar algo seja porque motivo for, é sempre muito doloroso.
A evolução começa com a vontade de nos superarmos e não desistir perante as dificuldade que podemos ir encontrando pelo percurso. Aliás, essa é a base para evoluir e ter sucesso seja no que for! A persistência e crença em nós próprios e no que fazemos. Depois disso é trabalho, trabalho e mais trabalho. É pensar do nada: "Vou olhar para o espelho e vou criar...". É ir ouvindo uma música na rua e ir criando coreografia no pensamento. Procuramos fazer formações, aulas e, como já referimos, ir aceitando propostas de diversas entidades tanto para fazer exibições como para dar formação.
09. Têm sido convidadas a dar formação nesta área. A experiência tem sido positiva?
Tem sido muito positiva. A ensinar também se aprende. Aprende-se a ensinar melhor e a melhorar o que se ensina.
10. Encaram o facto de serem algarvias como uma limitação?
Não. Encaramos o facto de sermos algarvias como um incentivo para fazer espalhar a mensagem pelo nosso meio. Se estivessemos num meio mais desenvolvido nesta área talvez já tivéssemos evoluído muito mais, mas sabemos que é importante começar por algum lado. Alguém tem de fazer o papel de incutir nos mais pequeninos o que nos incutiram a nós quando tinhamos a idade deles e é isso que tentamos fazer em cada aula que damos e a cada contacto que temos com as crianças que mostram algum interesse não só pela dança Hip-Hop, mas por toda a cultura. E assim quem sabe, o Algarve se desenvolva neste campo.
11. Até onde esperam que a dança vos leve?
A dança já nos levou a muito boas oportunidades! Através da dança muito já aconteceu; conhecemos mais pessoas que partilham das mesmas ideias e que têm vontade de trabalhar nesta área e nós gostamos disso! Como já nos trouxe até aqui, quem sabe, poderá levar-nos até mais longe. Vontade de trabalhar não nos falta e isso é o mais importante!
Agradeço aos OMG Family a disponibilidade e aproveito a ocasião para convidá-los a assistir à próxima actuação do grupo, a ter lugar em Armação de Pêra, na noite de 20 de Agosto de 2010 a partir das 22h00, no palco junto à Lota (Praia dos Pescadores).
Após a performance de Hip-Hop Dance, Reflect e os seus convidados sobem ao palco para apresentar o álbum "Último acto", num espectáculo que conta com coreografias da autoria dos membros de OMG Family. Até lá, fiquem com os vídeos de actuações que seleccionámos para vós: