Entrevista a Reflect

"Trabalhem. Se a oportunidade que tanto procuram não aparecer, criem-na."
Entrevista a ReflectReflect, nascido em 1986, é um jovem de Armação de Pêra detentor de uma voz única. Fundador da Editora Algarvia "Kimahera", Reflect conta já com o seu primeiro álbum: "Último Acto : 1986 – 2007". Ao ouvirmos cada faixa do cd vamo-nos deixando levar pela curiosidade que cada verso nos transmite.

P: Antes de tudo, porquê o nome "Reflect"?
R:
Sempre fui uma pessoa pensativa e introspectiva. Nunca aceitei algo só porque sim, gosto de perceber o porquê das coisas. Mantenho-me muito atento em relação ao que se passa à minha volta e sou um reflexo de toda essa envolvência.

P: Qual a diferença, se existe, entre o Pedro Pinto e o Reflect?
R:
Eu sou tudo aquilo que o Pedro Pinto não pode ser. Não porque ele não consiga, mas porque não é suposto sê-lo. Sou a liberdade que ele gostava de ter e o sonho que ele gostava de realizar. O que ele pensa mas não diz, eu escrevo e canto.

P: Eu, e muitas pessoas, considero-te claramente um dos melhores compositores portugueses. Em que te inspiras quando escreves?
R:
Não tenho por hábito ler nem escrever. Escrevo quando tenho algo dentro de mim que quero libertar. Inspiro-me em tudo aquilo que a minha sensibilidade traga até mim.

P: Que razões te motivaram a lançar o "Último Acto"? Que posição querias marcar no Hip-Hop Nacional ao lançá-lo?
R:
O meu álbum não foi algo que se tenha desenvolvido em torno de um planeamento inicial ou de qualquer conceito base. Fui fazendo músicas e, sem saber muito bem explicar porquê, houve um conjunto delas que ficaram guardadas.
A certa altura senti que o que fiz estava pronto para ser ouvido por outras pessoas, que tinha algo para dar. Editei um álbum que tinha feito, não fiz um álbum para editar. No Hip-Hop não quero marcar posição nenhuma. Se tivesse feito um álbum de Fado não seria uma pessoa diferente. Aquilo que sou será sempre maior que qualquer género musical.

P: Na tua opinião, a música portuguesa está a evoluir?
R:
Sim, todos os dias. Há muitos novos projectos com qualidade. Será uma questão de tempo até se tornarem referência para outros.

P: Tendo tu já cantado em tantos palcos, acho que és a pessoa perfeita para esta questão. O que sentes quando sobes a um palco?
R:
Continuo a sentir o mesmo que senti da primeira vez que cantei em público: responsabilidade. Uma pressão que me deixa nervoso enquanto não se transforma em coragem para enfrentar o que quer que seja. No dia em que esse sentimento desaparecer deixará de fazer sentido actuar ao vivo. O tema "Último acto" fala precisamente do que me passa pela cabeça nesses segundos.

P: Em Portugal é muito difícil ter sucesso a nível musical. O que te move a fazer música?
R:
Poder fazer a música que quero, como quero. Tenho o mérito / sorte de ter um emprego e é aí que necessito de ser excelente e cumprir regras. Na música, sou livre, só tenho de ser eu mesmo. Ter sucesso é bom, mas com ou sem ele a minha história continua a ser a mesma. Faço música porque gosto de me sentir livre e porque, às vezes, sabe bem fugir da nossa própria realidade.

P: Já tens alguma ideia de como será o teu próximo projecto?
R:
Não sei se haverá um próximo, sinceramente não penso muito nisso. Se um dia me sentir preparado e tiver mais alguma coisa a dizer, garanto que o farei.

P: Com que nomes da música portuguesa gostarias de trabalhar num futuro próximo?
R:
Tenho as minhas influências, principalmente de artistas portugueses, mas não te consigo dizer nomes com que gostasse de trabalhar. Pode ser que numa noite destas passe pelo estúdio alguém que gosta do que eu faço, alguém que faça coisas que eu goste, e surja algo. Tem sido esse o espírito até aqui.

P: Para acabar, o que gostarias de dizer aos novos talentos que estão a surgir no panorama musical português?
R:
Trabalhem. Se a oportunidade que tanto procuram não aparecer, criem-na.

P: Obrigado e boa sorte para o futuro.
R:
Obrigado e façam a diferença.

Miguel Pinto @ 28 Abril 2009 (Ter) - 01:00

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