Reflect - Castelo de Cartas

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Há memórias que se entranham no nosso corpo até nos escorrerem pela alma.
Esta voltou a mim um dia, para me lembrar que a vida continua a ser como um castelo de cartas... No equilíbrio que fazemos chão para nos erguermos, na perseverança que nos pauta o crescimento, na fragilidade do nosso tempo, nas decisões que nos pausam a respiração e nos recomeços a que a vida nos obriga até um dia sermos castelo.
Antes de serem de areia, os meus foram de cartas.
E sem ainda poder saber, tudo aquilo que é a vida, estava ali. Nas minhas mãos e à minha frente.
Esta música é a próxima carta deste castelo que tenho vindo a construir desde que recomecei na "Eu fico bem". É a continuação da viagem feita naquele "Barco de Papel" que me trouxe até aqui.
E esta viagem continuará, carta a carta, até se transformar no meu terceiro álbum.
Castelo de Cartas.
Reflect.

Letra e voz: Reflect
Instrumental: Dezman
Captação, edição, mistura e masterização: Pedro Pinto @ Kimahera

Letra:

A vida não pára enquanto o meu tempo corre
O jogo não pausa até que o jogador morre
Então canta, tu grita, então dança, tu voa
x2

Ainda me lembro, era noite na sala
Família unida sem nada a separá-la
Criança feliz de joelhos na carpete
Já refletia e ainda nem era o Reflect
Entre o Lego e a quinta da Playmobil
Encaixava sonhos entre discos de vinil
Afastado e calado ainda com poucos de idade
Com vontade de ser maior do que os prédios da cidade
Puto inconformado, uma peça que não encaixa
Neste puzzle que nos tenta puxar para uma caixa
Sempre fui diferente e nunca fui superior
Descartei o suposto desde cedo, com amor
Não tinha nada e já sonhava com tudo
Tinha tudo e já sonhava com nada
Sentado no meu canto a juntar cartas de papel
A construir castelos mais altos que a Torre Eiffel

A vida não pára enquanto o meu tempo corre
O jogo não pausa até que o jogador morre
Então canta, tu grita, então dança, tu voa
x2

Tinha a vida nas mãos e nem sabia
Na paciência de cada carta que erguia
No equilíbrio da base que crescia
Na fragilidade do castelo que ruía
Se o vento passasse, se a mão tremesse
Se o tempo parasse, se o chão cedesse
Pousava sem respirar, empilhava com receio
E nada se faz grande sem o risco pelo meio
Nada se agiganta se o céu não é o teto
E nada se constrói sem um laço de afeto
No laço desse abraço, aqueci o interior
No embalo desse amor fui um barco a vapor
Acreditei no calor que derreteu o glaciar
Deixei fugir o gelo no brilho do teu olhar
Dei-te a chave do castelo embrulhada em paixão
E hoje o meu castelo são só cartas no chão.

A vida não pára enquanto o meu tempo corre
O jogo não pausa até que o jogador morre
Então canta, tu grita, então dança, tu voa
x2
 

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